domingo, 24 de novembro de 2013

Essa tal mania de sofrer

Tenho de admitir: Eu sofro de uma mania. Não é TOC, não é mania de limpeza, não é mania de velho; é mania de sofrer.

Sofrimento é aquela tristeza que não vai embora. Ele se reveza com momentos de alegria, euforia, distração, e depois torna a bater na porta da mente. A mente adora esse camarada, ela o alimenta, o faz parecer real e o instala, muitas vezes de forma crônica. O ego, primo próximo e cruel da mente, também possui uma perversa admiração pelo camarada sofrimento que constantemente o fere e lhe traz mais e mais identificação, seu alimento favorito.

Sofrimento é uma tristeza que não vai embora, fruto de Avidya - ignorância. Avidya é a percepção mesquinha da não Unidade... achar constantemente que somos euzinhos a parte, distintos, e mais ou menos importantes. Enquanto nos sentimos separados de tudo estamos no modo da ignorância.

Sofrimento é uma tristeza que não vai embora, não vai embora porquê nos apegamos a ela. Pense bem, tristeza é absolutamente normal, todos já sentiram ou vão sentir. Os motivos da tristeza são os mais variados e também inevitáveis. Perder alguém querido, por exemplo, certamente irá gerar profunda tristeza, mas como e quando abrir mão dessa tristeza pra que ela não se torne sofrimento? Faço o convite de que reflita nesse momento, como eu estou refletindo, sobre o que te faz sofrer e porque não simplesmente deixa a tristeza ir embora.

Sofrimento é uma tristeza que não vai embora, por que estamos constantemente querendo e não simplesmente Sendo. Abrir mão do controle, orar e dar graças a tudo que existe ao seu redor, do bom ao ruim e perceber a maravilha e as bênçãos de estar vivo a cada dia pode nos trazer um bom parâmetro de como é tolo nos apegarmos às pequenas tristezas, porquê assim como as alegrias, elas vão embora. Encha-se do essencial, Seja, não tente.... Seja.

Tenho de admitir: Tenho uma mania. Não tenho orgulho disso, mas sou consciente. Sei que o mergulho pra dentro de mim fará essa mania ir embora, claro que não é fácil, mas viemos a esse mundo pra aprender... e que linda jornada é esse aprendizado.

Que eu, você, e todos os seres possam deixar a mania de lado. Que possamos perceber que Somos, e somos Um.
Mãos em prece, namastê.

terça-feira, 14 de maio de 2013

O Vazio

Parece um pouco estranho voltar a escrever após quase 2 anos. Os motivos que me afastaram daqui não convém; mas percebo que após fases difíceis em minha vida volto a me aprofundar em mim mesmo, volto à Busca com mais intensidade.
Um dia desses estava refletindo sobre essa sensação, eterna, que tenho dentro de mim de vazio. Como se houvesse algo faltando, uma peça chave que não encontro, algo importante mas que não tem nome. Tenho certeza que todos nós nos sentimos assim, sempre em busca de algo que nos vá trazer conforto, felicidade e paz.
Como todos, andei procurando essa peça que falta dentro de mim fora de mim. Procurando relacionamentos, momentos, pessoas, eventos, jogos....distrações... algo que pudesse cobrir esse vazio tão profundo. Encontrei distrações, encontrei formas de fingir que o vazio não existia, de tirar minha mente dele. Em muitas ocasiões isso deu certo... esqueci que era um buscador, esqueci que não deveria me identificar, esqueci.... mas não completamente. O vazio jamais me deixa esquecer, pois mesmo após o dia mais divertido ele vem me cutucar fundo nas entranhas, dizendo que tudo não está bem.
Esse vazio, meu, seu, de todos os seres humanos, é o chamado do coração. O desejo da alma de retornar ao lar, ao conforto, conforto permanente. Dar um sentido à essa existência, sentido maior que simplesmente ganhar dinheiro, se reproduzir e "achar" que vive uma vida feliz. Não acho que se relacionar, se distrair, ser tolo as vezes seja errado; mas equivocado é esquecer o verdadeiro objetivo de estar por aqui. Insisto sempre nesse ponto: Se vc quer ser uma boa pessoa pros outros, conheça e ame primeiro a si próprio. Chega de projetar nossa felicidade nos outros, chega de achar que alguém ou alguma coisa te fará sentir completo.
Peço e rezo, à mim mesmo, que não esqueça com tanta frequência, que não me identifique com tanta frequência.
O vazio continua lá, com o que estamos tentando preenchê-lo?